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Adolescentes: primeiro raízes, depois asas

Entrar no mundo dos adultos, tão desejado e muitas vezes temido, significa para o adolescente distanciar-se da condição de criança. É um momento importante na vida do homem, que constitui um longo caminho de desprendimento e da progressiva separação de seus pais, que se iniciou no nascimento. O adolescente sente-se saudoso de seu corpo infantil e dos pais dessa época. As bruscas mudanças psicológicas e corporais vividas nesse período levam-no a se relacionar com sua família e com o mundo de uma nova maneira.

A busca pela identidade caminha em duas direções: uma aponta para os anseios de liberdade da vida adulta e das novas exigências do mundo; a outra remete aos privilégios da vida infantil e do relacionamento com seus pais e da infância.

Os intermináveis questionamentos, o desejo de se manter no poder, a união fidelíssima aos grupos de amigos são maneiras de reforçar sua autoconfiança e a sua segurança, além de testar os limites da sua liberdade.

Os momentos solitários o transportam a um “cantinho” conhecido do passado, onde ainda se sente mais seguro e confortável e, a partir daí, renova as suas forças para seguir em frente, dia após dia, em seu crescimento.

O jovem adulto vive essa etapa junto à sua família, que deverá, também, passar por transformações. É importante reconhecer o desenvolvimento dos filhos para se adaptar a essa nova fase da vida familiar. Compreender essas mudanças é o primeiro passo para assegurar um vínculo de amor e de apoio com os jovens, o que significa respeitar suas escolhas que, muitas vezes, não se encaixam nos projetos dos pais. Os adolescentes, por serem inovadores e ativos, favorecem o desenvolvimento dos pais, renovando suas esperanças para novas realidades.

A família oferece contribuições importantes para garantir um lar seguro e afetuoso para seus filhos: a confiança dos adolescentes está associada à percepção positiva dos pais. Por isso, é relevante:

— Oferecer apoio e respeito aos adolescentes, tratando-os como indivíduos singulares e dedicando-lhes tempo.

— Mostrar-se aberto e disposto ao diálogo e, principalmente, à escuta.

— Observar as atividades nas quais os adolescentes estão envolvidos, acompanhar seu desenvolvimento escolar e a maneira como se divertem.

— Orientar e colocar limites; manter as regras que consideram importantes, rever responsabilidades e privilégios, adaptando-se a novas realidades. Usar os limites para proteger, e não para punir.

— Manter-se tranquilos. Nada é mais destrutivo, na figura de autoridade sobre os filhos, do que a perda do controle e a violência.

— Aperfeiçoar suas habilidades de comunicação: conversar com outros pais que têm filhos da mesma idade e amigos, fazer boas leituras, participar de grupos de pais, buscar apoio profissional e a parceria da escola são algumas formas de se criarem outras maneiras de conduzir as situações adversas do cotidiano, trazendo alegria e bem estar a todos.

— Sentir confiantes na capacidade de educar seus filhos e, acima de tudo, ser exemplo para eles.

Dessa forma, a família pode fortalecer os vínculos afetivos e encorajar seus filhos nesse período cheio de oportunidades e desafios, conduzindo-os a alçar novos voos, rumo à plenitude de vida.

Com amor.

Renata Guimarães Rossetti


 

 

Família

Desde sempre, na história da humanidade, percorremos lugares distintos, vivendo períodos temerosos e maravilhosos. Ao enfrentarmos os desafios inerentes a cada época, nossa tarefa é inventar maneiras de vivê-las mais adequadamente e integradas a este novo tempo e, para isto, precisamos de nos munir de mais forças. E cuidar dos vínculos na intimidade das famílias forma uma base sólida para esta caminhada.

A família é a trilha que o ser humano deve seguir para a busca de sua completude. Quando um homem e uma mulher se unem, realidades distintas se cruzam para viverem a história do casal. No momento em que o casal decide ser pai e mãe, há um desejo latente de formar uma família e dar continuidade a sua história, através de seus descendentes.

Muitas vezes, o bebê que nasce atende às expectativas idealizadas por seus pais; outras os decepcionam. Entre choros, fraldas, sorrisos e descobertas, os pais se organizam para viverem a nova realidade e, com paciência e alegria, surge o prazer de celebrar a vida.

A maternidade e a paternidade são uma história de amor, que faz parte da aprendizagem mútua do cuidar. Os filhos não precisam de pais “perfeitos”, mas de pais amorosos, sensíveis e respeitosos, dispostos a crescerem e aprenderem juntos, em família.

Com amor.

Renata Guimarães Rossetti

 

janeiro/2016


 Poupar ou gastar?                                    


O ser humano nas eras e culturas segue seu caminho vivenciando épocas ora maravilhosas, ora temerosas. Ao enfrentar os desafios inerentes a cada tempo, descobrimos maneiras de nos adaptarmos à realidade e nos reinventarmos.

A família é o caminho que percorremos rumo à completude, e é no cerne do lar que encontramos espaço para o diálogo e para a construção do vínculo de confiança entre todos da casa. Falo de momentos em que os pais doam seu tempo, seu interesse, sua compreensão, sua tristeza; compartilha o bem mais valioso: a sua vida. Isso não significa que sacrifique a vida pelo outro, mas ao doar, traz vida ao outro e faz do outro um doador e, assim, ambos se alegram com a celebração da vida.

O olhar para o gol que o filho marcou no futebol com os amigos, acompanhar o equilíbrio na bicicleta e o pulo na piscina fazem com que a criança se sinta amada e merecedora daquilo que a vida tem de melhor para oferecer-lhe.

Quando nos referimos às finanças, a família também contribui de maneira significativa para a formação dos filhos. O caminho para a educação financeira segue pelas trilhas do afeto.

Saber ganhar, poupar e gastar são habilidades que precisamos desenvolver em nós e em nossos descendentes, para desfrutarmos de uma vida feliz. Vida rica é vida em equilíbrio.

Com a estabilidade da moeda, a sociedade passou a se interessar, ainda que timidamente, pela organização do orçamento familiar e do investimento futuro de seu capital.

Algumas famílias recorrem ao uso da mesada, que é uma das ferramentas que podemos utilizar para inserir os filhos no mundo financeiro. Através do exercício de organizar o pequeno orçamento semanal ou mensal, as crianças desenvolvem recursos internos para que futuramente possam administrar suas finanças de forma equilibrada. Abre-se também a possibilidade de poupar, postergar um ganho imediato por algo melhor no futuro.

 Alguns aspectos devem ser contemplados para iniciar o uso dessa prática:

_ Os pais precisam ter clareza quanto aos objetivos que pretendem alcançar com a inserção da mesada e mostrar aos filhos a importância de saber lidar com o dinheiro.

_ Devem definir e comunicar à criança a quantia que lhe será dada, a data da entrega do dinheiro e com qual regularidade - semanadas ou mesadas. Os gastos eventuais, como álbum, figurinhas, lanche da escola e outros, poderão ser transferidos para os gastos da mesada.

_ A quantia dada deve se adequar à disponibilidade do orçamento familiar, à faixa etária da criança ou do adolescente e a sua maturidade. Calcula-se, aproximadamente, um real por idade e pode-se estender o valor conforme os filhos vão crescendo.

_ Os filhos, na idade de 6 a 10 anos, devem receber o dinheiro semanalmente, e, a partir dos 11 anos, passa a vigorar a mesada.  Tudo tem o seu tempo e a sua maturação; caminhamos passo a passo, num longo e importante aprendizado.

_ É importante deixar que seu filho se sinta livre para usar o dinheiro, fazer as escolhas e se responsabilizar pelas consequências. Se acontecer do dinheiro acabar antes do tempo combinado, procure não fazer adiantamentos ou reposições. Este é um bom momento para orientá-los a gastar o que se é possível, considerando a sua realidade. Nem mais, nem menos; seu limite é o que você tem.

_ Saber diferenciar o “eu quero” do “eu preciso”. A publicidade cria necessidades que não existem e aguça o desejo de posse. A televisão funciona como vitrine para vender todo tipo de produto. Por isso, conversar e refletir com os filhos formas de priorizar o necessário é de suma importância para não cairmos nas armadilhas da mídia, evitando gastos excessivos.

_ A mesada não é um brinde, portanto não funcionará como punição por mau desempenho escolar ou social.

_ A satisfação da criança ou do adolescente em poupar o dinheiro deve ser a mesma satisfação em gastá-lo. O que prevalece é o bom senso, a consciência de sua realidade e os objetivos que se quer alcançar.

_ Celebrar as conquistas com a família reforça a confiança e os laços de afeto.  

A grande importância dos pais na formação de seres humanos felizes é transmitir, através de pensamentos, palavras e ações, integridade e coerência com a verdade, com o que se acredita e com o que se ensina. O exemplo dos pais é a maior inspiração para seus filhos!

 Tudo começa em casa!

 

fevereiro/2016